Um preço da modernidade: crescentes taxas de depressão

         Este final de milênio está fazendo um Era de Melancolia, do mesmo modo como o século vinte se tronou a Era da Ansiedade. Dados internacionais mostram o que parece ser uma epidemia moderna de depressão, que se espalha de mãos dadas com a adoção, em todo o mundo, de modos modernos. Cada sucessiva geração  mundial desde o início do sécu que seus pais de sofrer uma grande depressão - não apenas tristeza, mas uma paralisante apatia, desânimo e pena de si mesmo - no transcorrer da vida. E esses episódios estão começando em idades cada vez mais baixas.  A depressão na infância, antes praticamente desconhecida( ou pelo menos, não reconhecida), surge como um dado do panorama moderno.[...]

          O rebaixamento até a infância da idade em que as pessoas primiero sentem depressão também parece valer para todo o mundo. Quando pedi a especialistas que arriscassem um palpite sobrre o motivo, surgiram várias teorias.

          O Dr. Frederick Goodwin, então diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental, especulou:

          - Houve uma temenda erosão da família nuclear: o dobro da taxa de divórcios, a queda no tempo que os pais têm para os filhos e o aumento da mobilidade. A gente não se cria conhecendo muito a família maior. As perdas dessas fontes estáveis de autoidentificação significam uma maior susceptibilidade à depressão.

           O Dr. David Kupfer, presidente do Conselho de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh, indicou outra tendência:

           - Com a disseminação da industrialização após a Segunda Guerra Mundial, num certo sentido ninguém tem mais um lar. Num número cada vez maior de famílias, vem aumentando a indiferença dos pais pelas necessidades dos filhos enquanto eles crescem. Isso não é uma causa direta da depressão, mas estabelece uma vulnerabilidade. Fatores de tensão mais cedo afetam o desenvolvimento neurônico, o que leva à depressão quando se está sob grande tensão mesmo décadas depois.

           Martin Seligman, psicólogo da Universidade da Pensilvânia, sugeriu:

           - Nos últimos trinta ou quarenta anos, vimos a ascensão do individualismo e o desaparecimento das crenças na religião e dos amparos da comunidade e da família maior. Isso significa uma perda dos recursos que podem proteger de reverses e fracassos. À medida que vemos um fracasso como uma coisa duradora e o ampliamos de modo que uma derrota momentânea se torne uma fonte duradora de desesperança. Mas se temos um perspectiva maior, como a crença em Deus e na outra vida, e perdemos o emprego, é apenas uma derrota temporária.

           Sejam quais forem as causas, a  depressão  os jovens é um problema premente.
                                                                                              Daniel Goleman. Inteligência emocional